"As pessoas criam mais expectativas sobre mim agora..." diz Britney ao The Telegraph

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Na sua única entrevista para o Reino Unido sobre o novo álbum Britney Jean, realizada ainda em novembro na audição do CD em Hollywood, Britney Spears falou ao jornal britânico The Telegraph sobre maternidade, perfeccionismo, mágoas, Justin Timberlake, Chaotic, e porque está sentindo a pressão na sua residência em Las Vegas.

Isso é assustador”, admite Britney Spears, parecendo levemente assustada. Dentro de uma hora, a super estrela pop vai subir a um pequeno palco e sentar-se num banquinho diante da imprensa do mundo inteiro e muitos executivos de gravadoras, e tocará pela primeira vez o seu oitavo álbum de inéditas, Britney Jean.

Foto: Capa da revista Stella, do The Telegraph.
Ela estará acompanhada pelo seu produtor, Will.i.am , mas o público concentrar-se-á em apenas uma pessoa, já que ela apresenta as músicas, incluindo o seu novo single, Perfume, de um álbum que promete aprofundar-se mais do que nunca na vida deste ícone surpreendentemente tímido. “Estou ansiosa para que as pessoas ouçam o que eu tenho trabalhado”, ela acrescenta. “Mas estou tão nervosa ao mesmo tempo, pois é um álbum muito pessoal para mim.”

Estamos no fim de novembro, numa sala privada num estúdio de gravação de Los Angeles. Atrás da porta, os convidados estão a comer sushi e a beber, enquanto um sistema de som toca os seus maiores sucessos, mas no nosso sossegado espaço está Spears, com uma aparência saudável, sentada educadamente à beira de um sofá, com as mãos no colo.


O evento de hoje à noite não é a única coisa que está na sua mente. A 27 de dezembro, ela vai seguir os passos de Celine Dion e Elton John, com uma residência de Las Vegas com duração de dois anos no Planet Hollywood, onde se especula que ela receberá cerca de 300 mil dólares por noite. Foi anunciado oficialmente em setembro, com um evento às 4h da manhã no deserto de Mojave, envolvendo 1.000 sósias de Britney, e ela pousando de um helicóptero.

Vegas é definitivamente um novo desafio”, ela diz. “Mas queria poder produzir um tipo diferente de show. Você começa a produzir muito mais quando você não precisa de colocar todo o seu palco desmontado em camiões após o show, a cada noite — nós tivemos que construir um local específico para o meu show. Será mais como uma festa do que um show normal.”

Spears, que completou 32 anos no dia 2 de dezembro, está em ótima forma, usando um colete preto liso, leggings pretas apertadas e saltos pretos. “Preciso de ensaiar mais agora do que antes”, ela admite. “Sinto que sou mais perfeccionista agora.


Essa pressão não é apenas auto imposta. De volta ao final dos anos 90, quando Spears alcançou a fama internacional com …Baby One More Time, ela poderia avaliar a reação do público baseada na gritaria dos seus shows em arenas ou através das toneladas de cartas dos seus fãs. Mas isso foi há muito tempo, antes de se tornar uma mãe de dois filhos e de passar por muitos altos e baixos bem documentados que fizeram dela uma das celebridades mais fotografadas e comentadas dos tempos modernos, um objeto de fascínio demográfico. Em 2013, o feedback vem de uma legião de fãs e comentadores do showbiz pela internet que não hesitam em expressar as suas opiniões sobre o que Spears deve — e não deve — fazer.

O aumento dessa análise minuciosa deixa-me um pouco mais rigorosa comigo mesma nos dias de hoje”, ela conta. “As pessoas criam mais expectativas sobre mim agora, não apenas em termos do que eu faço, mas também em termos de quem sou.”

Parte do problema é que os pontos altos da sua carreira nos últimos 15 anos foram extraordinariamente altos. Hits de sucesso como Toxic e I’m a Slave 4 U, que já viraram a sua marca, ajudaram a vender mais de 100 milhões de álbuns pelo mundo, a ganhar prémios nos Grammy e Video Music Awards, a arrecadar mais de 380 milhões de dólares com as suas tours e a receber a sua estrela no Passeio da Fama de Hollywood, quando ela tinha apenas 21 anos. E ela ainda está alcançando o topo dos charts: no ano passado, a sua colaboração com Will.i.am, Scream & Shout, foi número #1 em 24 países. Quase 35 milhões de pessoas seguem-na no Twitter, e a revista Forbes destacou-a em 2012 como a mulher mais bem paga da indústria da música, à frente de Lady Gaga, Katy Perry e Rihanna, com ganhos superiores a 58 milhões de dólares.

Ela percorreu um longo caminho desde a sua cidade de infância em Kentwood, Louisiana, um lugar que é conhecido como a capital de lacticínios do sul dos Estados Unidos. “É uma cidade pequena onde todos se conhecem”, ela diz. “Você visita os seus amigos e vizinhos sem nunca avisar antes que você está indo para lá.”

Aos três anos, Spears estava a frequentar aulas de dança; aos oito ela estava a viajar para Atlanta, Georgia, com a sua mãe Lynne, uma ex-professora, para uma audição para a série de televisão da Disney, The Mickey Mouse Club. Uma passagem por uma escola de artes, vários anúncios de televisão e um trabalho como substituta na Broadway, ela então foi finalmente lançada como uma Mouseketeer ao lado de Christina Aguilera, Ryan Gosling e o seu futuro namorado, Justin Timberlake. Quando o The Mickey Mouse Club foi cancelado, ela voltou para Kentwood, mas ela e a sua mãe não estavam dispostas a admitir a derrota.

Lynne, uma mulher amigável, está em Los Angeles com a gente hoje, assim como ela tem estado com a sua filha desde aquelas primeiras audições e reuniões com a Jive Records, que eventualmente levaram Britney para a fama internacional. (Embora Lynne e o pai de Britney, Jamie, se tenham divorciado em 2002, eles reconciliaram-se oito anos depois.) “A minha mãe é uma mulher maravilhosa”, diz Spears. “Ela sempre foi uma inspiração para mim, mas ter filhos ajudou a fazer ainda mais sentido o meu relacionamento com ela. Os meus filhos [Sean] Preston e Jayden estão com oito e sete anos agora — e não só me vejo a fazer algumas das coisas que a minha mãe costumava fazer, como eu também entendo agora o motivo dela ter feito aquilo tudo.”

Comparados com muitos filhos de celebridades, os meninos de Spears, cujo pai é o ex-marido e ex-dançarino de apoio Kevin Federline, têm um perfil relativamente discreto, mas no início deste ano, ela levou-os a uma estreia de cinema. Num dos vídeos das crianças no lado de fora, Jayden está a divertir-se posando para as câmaras, mas num momento, no meio de berros e flashs da media, o seu irmão encheu-se, e virou-se para a sua mãe pedindo conforto. “Esse foi o Preston — ele é um pouco tímido”, ela disse. “Eu mantenho-os no mundo deles — no mundo de criança, longe dos holofotes. Sinto que é o meu lado diferente. Pois, sabes, é preciso lidar com muita coisa. Para muita gente. Especialmente se você é tímido, como os meus filhos, isso pode ser um pouco demais.”

Após duas décadas de fama, como ela aprendeu a lidar com tudo isso? Qual é o truque? “Oh”, ela diz com um gargalhada, “é sempre um pouco demais.”

No início de 2013, Britney separou-se do seu noivo, Jason Trawick, e o fim dessa relação de três anos, ela diz-me, é a razão do Britney Jean ser o seu álbum mais pessoal até hoje.

Há muitas canções sobre mágoa que eu posso identificar-me por conta do rompimento que eu passei este ano”, ela explica. “Quando você passa por um rompimento, você apenas faz coisas que te façam superar aquilo. Eventualmente, você percebe que se trata de aproveitar ao máximo a vida. Até nesmo no álbum quando as músicas falam sobre divertir com amigos e familiares, é porque essas são as coisas que te fazem feliz e que te ajudam a superar o rompimento.”

Spears espera que as letras das músicas inspirem as pessoas. “Sempre segui o meu coração e fui atrás dos meus sonhos, e imagino que as pessoas achem isso inspirador. Espero que seja este o efeito que tenho sobre ps meus fãs e as pessoas em geral. Eu definitivamente quero projetar uma energia positiva para o mundo.”

Dito isso, Perfume, uma canção que ela co-escreveu com Sia Furler, a mulher por detrás de sucessos como Diamonds de Rihanna, é surpreendentemente sombria. “Eu odeio-me”, ela canta. “Sinto-me louca, um conto tão clássico.” Embora agora ela esteja a namorar um rapaz de 27 anos, David Lucado, que trabalha num escritório de advocacia de Los Angeles, a ideia é que Spears se sente condenada a suportar uma sucessão de decepções em busca do verdadeiro amor.

Você coloca-se completamente de novo e de novo”, ela concorda. “Mas em cada vez o amor leva você de novo. É uma sensação diferente a cada vez para mim. Todo o homem com quem estive, foi um tipo diferente de amor. E agora, estou num amor mágico.”

Apesar do Britney Jean poder ser o seu álbum mais pessoal até hoje, ao longo dos anos a sua música deu-nos a entender sobre a realidade deasua vida. Já no início dos anos 2000, Lucky, uma faixa do seu segundo álbum, ela cantou sobre uma superstar que chorava, “Se não há nada a faltar na minha vida, por que estas lágrimas caem à noite?” No seu single de 2002, I’m Not A Girl, Not Yet a Woman, ela cantou: “Tudo que eu preciso é de tempo, um momento que seja meu, enquanto eu estiver nesta transição.” Em vez disso, ela viu-se sob uma crescente análise minuciosa, seguida em todos os lugares que ela passava por hordas de paparazzi. Em 2007, ela lançou o single Piece Of Me, no qual ela cantou sobre os paparazzi “esperando que eu decida começar uma luta, e terminar resolvendo tudo no tribunal”; de ser a “Senhora Carma má da media”, "outro dia outro drama.” Ela era a “Senhora Extra! Extra! Novidades!”, a "Senhora Ela é Tão Gorda, Agora Está Magra Demais.”

Em 2008, Spears saiu dos seus dramas diários; nem muito gorda nem muito magra, ela estava a recuperar-se e entrando em forma, com uma rotina de alimentação saudável e dormindo cedo. “Sinto-me como uma velha”, ela disse na época. Eu pergunto se 2008 foi quando ela sentiu que tinha que crescer rapidamente. “Sim, mas eu gostei. E, acredite ou não, acabei por gostar de ir para a cama cedo, de uma maneira estranha. À noite, é quando você faz tudo errado. Então, se você vai para a cama às 21h30, você fica bem.”

Nos últimos anos, ela manteve-se ocupada. “Muito ocupada, na verdade”, ela disse. “Mas tem sido bom. Tive que ser mais uma dona de casa na verdade, tive um ano inteiro de pausa quando estava apenas a desempenhar esse papel de mãe.” Falamos sobre a sua mansão estilo francesa nos arredores de Los Angeles, e sobre os primeiros anos da sua carreira, como quando ela e Justin Timberlake apareceram nos American Music Awards de 2001 usando roupas inteiramente de ganga. “Foi um momento bem descontraído”, diz ela. “Nós estávamos, tipo, ‘Estamos ótimos, vamos lá!’ Tenho ótimas lembranças daquela época: havia uma grande quantidade de ensaios, mas havia também muitos momentos onde íamos a discotecas e dançávamos muito. Ainda acho que a melhor noite da minha vida foi quando eu tinha 22 anos. Era véspera de Ano Novo, e estava no Hawaii.”

O sorriso no seu rosto dá a dica de que foi uma noite divertida, mas também sugere que os detalhes não serão revelados ao público. “Foi há muito tempo”, é tudo o que ela vai dizer. “Mas foi divertido.” Mas, ela acrescenta, “Fico aborrecida muito, muito facilmente, então eu  tenho sempre que sentir como se estivesse a fazer alguma coisa — tenho que voltar ao trabalho e começar a trabalhar.”

O estúdio de gravação é o seu lugar seguro agora?
Sim, sim. Definitivamente. E essa sensação de segurança vem através da minha música agora mais do que nunca — é como eu me sinto confortável, a fazer música pessoal.”

De programas de talento quando era criança para as manchetes dos tablóides na fase adulta, Spears passou um longo período de tempo a ser julgada, por isso, quando Simon Cowell a convidou para participar mo painel de jurados do X Factor em 2012, não foi uma decisão que ela tomou com facilidade.

Tive dificuldade em ser excessivamente crítica às vezes, mas eu simplesmente lembrei-me de fazer críticas construtivas e positivas ao invés de maldosas”, ela acrescenta. “Poder orientar jovens cantores foi o principal ponto positivo. Acho que no geral foi uma experiência positiva.”

Nem toda a mudança de carreira é lembrado tão carinhosamente. Quando o assunto é o Chaotic, o documentário de 2005 que concedeu um acesso sem precedentes ao seu casamento com Federline, ela diz: “Nunca faria algo assim novamente.” Ela faz um bico com os lábios. Parece que esta é a primeira vez que ela é considerada Caótica em muitos anos. “Na verdade, isso foi muito mau”, ela diz. “Foi provavelmente a pior coisa que eu fiz na minha carreira.”

Quando pergunto se isso inclui Crossroads — o seu filme de 2002 que certamente não era um favorito a ganhar um Oscar — ela olha de repente indignada e coloca a mão na altura do coração. “Não”, ela grita, exaltando-se. “Eu gosto de Crossroads! Vá-se f****.”

E então, para meu alívio, ela dá uma gargalhada.

Créditos: xb

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