Artigo da Rolling Stone sobre os 30 anos de Britney

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"Feliz aniversário, Britney. É seguro dizer que tiveste os melhores ‘20 anos’ de qualquer outra estrela do pop. Dez anos atrás, Britney entrou na casa dos 20 simplesmente a segurar uma cobra para se apresentar com I’m a Slave 4 U, uma canção sobre o desespero de uma baladeira feroz que compara a sua vagina a uma kitty cat; ela agora entra na casa dos 30 com How I Roll, também uma canção sobre o desespero de uma baladeira feroz que compara a sua vagina a uma kitty cat. Se não achas que isso é integridade artística, há algo errado contigo.

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Quando Britney completou 20 anos, nos seus dias de I’m Not a Girl, Not Yet a Woman, já parecia loucura que ela tinha ficado famosa por tanto tempo. Mal sabíamos o quanto mais ainda iríamos acompanhar. Nós nunca conhecemos K-Fed, com o amor do casal imortalizado pelo DVD Britney e Kevin: Chaotic, atualmente sendo vendido por 4,89 dólares no eBay. Nós nunca conhecemos aquele outro cara com quem ela se casou em Las Vegas por 55 horas mágicas. Nunca a vimos estourar uma bola de chiclete no Matt Lauer, com um de seus cílios postiços balançando para os lados, e lentamente falando, “Eu acho que todos deveriam ser a favor do amor, sabe?”. Temos ainda que inalar a inebriante fragrância Cosmic Radiance enquanto tomamos uns goles de Cheetopolitans e assitimos aquela cena em Crossroads — “Oi, Kim Cattrall! Eu sou sua filha perdida! O que tem para o jantar?”

Mas a coisa realmente mais surpreendente é que nós ainda não tínhamos escutado suas melhores gravações. Basta ouvir o que ela lançou durante seus 20 anos: Boys em 2002, Toxic em 2004, Do Somethin’ em 2005, Piece of Me em 2007, Womanizer em 2008, 3 em 2009 , I Wanna Go em 2011. Ela simplesmente nunca para, e nunca deveria parar. Ela facilmente tem sido a cantora pop mais influente desse período, ampliando sua conhecida rosnada-Britney para o estilo vocal robô-distorcido-erro-glamouroso-computador-azul que todo mundo agora imita.

Em sua adolescência, ela foi a princesinha da turma de estrelas do TRL de 1999, mas quem arriscaria dizer que ela seria a única que chegaria arrasando aos 30 anos? Backstreet Boys, NSync, Ricky Martin, Christina Aguilera, Monica, Brandy, O-Town: todas aquelas pessoas, todas aquelas vidas, onde eles estão agora? Só Justin permaneceu no poder, e ele fez isso trocando a música pelo cinema. (Parte do motivo pelo qual eu o amei no filme A Rede Social como Sean Parker, co-fundador do Napster, é porque quando eu entrevistei Parker em 2000, ele continuou discutindo comigo por fazer um bom review do último álbum da Britney. Se ao menos eu tivesse tido a previsão para lhe dizer: “Algum dia o namorado dela interpretará você num filme.”)

Britney sempre é subestimada como uma hitmaker, porque as pessoas gostam de afirmar que ela não tem qualquer relação com sua própria música. Isso é compreensível, mas não necessariamente convincente, dada a caprichada consistente da mais-f*da-que-o-remix excelência de sua produção musical. Ela continua criando as efervescentes, explosivas e melhores canções pop do momento, com uma enganosamente quase-anônima voz de robô que qualquer fã de pop pode reconhecer em segundos. Se ela é criticada dessa forma por ser uma estrela, ou um ‘ícone’, quantos hits brilhantes ela ainda terá que lançar até que as pessoas dêem os devidos créditos para a Senhorita Oh Meu Deus Aquela Britney Sem Vergonha por acertar musicalmente?

Somente Beyoncé teve um impacto comparável sobre como a música soa, e de todas as inúmeras coisas estranhas que essas duas B’s arrasadoras têm em comum, o mais estranho é que elas ainda estão produzindo seus melhores CDs em 2011. Se você acha que I Wanna Go de Britney faz uma melhor contagem regressiva ao êxtase que Countdown da Beyoncé, isso é sem dúvidas uma questão de cara ou coroa. O mais recente single de Britney? Criminal, a bizarra paródia de Ray Davies, que começa com uma flauta tocando o clássico dos Kinks, I’m Not Like Everybody Else, e em seguida entra inteiramente na vibe Village Green Preservation Society. Por que ela escapa com uma coisa tão louca como essa? Porque ela não é como todo mundo.

No inverno em que ela completou 20 anos, o sistema de metrô de New York foi coberto com cartazes de Britney usando um macacão branco estilo Elvis Presley, sua campanha publicitária para o especial de Las Vegas da HBO. (Ela fez até uma imitação do Elvis nos comerciais da TV, falando: “Obrigada, Muito obrigada.”) Mas a comparação não parece ser tanto de uma piada como o fez, porque ela transformou sua derrota na adolescência-agressividade numa carreira pop de anos. De I’m a Slave 4 U para How I Roll, valeu uma década de desespero de uma baladeira feroz, mas nenhuma cantora (sim, eu disse cantora) já manifestou essa emoção tão intensamente. Ela sempre prevê o futuro do pop. Lembre-se como o seu casamento de 2004 com o K-Fed teve um cash bar e uma canção de Journey? (A primeira dança deles foi Lights.) Todos nós deveríamos saber que aquilo significaria uma catástrofe econômica iminente. Mais um reaparecimento iminente de Journey.

Nós já vimos tantos pretendentes ao seu trono, vindo e indo. (Obrigado pelas memórias, Miley! Não mudem nunca, Bonus Jonas!) Veremos ainda mais desses pretendentes. As pessoas continuam à espera de ver Britney acabada. Eles podem continuar esperando. Quando as pessoas pararem de dizer que ela está acabada, eu acho que isso significará que ela realmente acabou. Mas eles não irão parar. E ela não estará acabada. Então, Feliz Aniversário, Britney. E nos dê mais."

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